Intro

[Site em construção, portanto as ideias estao esparsas e desconexas... aos poucos, vao tomando forma.]

Antes de mais nada, computadores são ferramentas, e devem ser entendidos primariamente como tal. Para que possamos usar essas ferramentas de modo adequado, deve ser possível confiar e acreditar que seu uso não vai nos trazer danos ou prejuízos. Essa confiança é algo a ser construído com o tempo, pois computadores são ferramentas complexas e dinâmicas, e qualquer espécie de verificação do seu funcionamento pode facilmente provocar mais perguntas do que respostas. Sendo assim, essa confiança dificilmente poderá ser construída sem uma dose brutal de transparência, que pode ser sintetizada da seguinte maneira:

Sistemas devem ser seguros ainda que tudo sobre tais sistemas - exceto a chave - seja de conhecimento público.

Essa idéia foi concebida por um francês chamado Auguste Kerckhoffs, em um artigo intitulado "La Cryptographie Militaire" e escrito em 1883. Uma das grandes novidades tecnológicas da época era o telégrafo, e esse artigo gira ao redor dos erros cometidos pelo exército francês na guerra contra os alemães em 1870. Ainda que as comunicações e a criptografia tenham mudado radicalmente desde então, muitos dos conceitos tratados pelo autor continuam bastante pertinentes para os dias atuais.

A aplicação desse princípio no contexto do desenvolvimento de softwares tem uma forma elementar bastante conhecida, que é a publicação do código-fonte em plataformas acessíveis a qualquer usuário. Podemos pensar nas 4 liberdades fundamentais de software como a outra ponta desse espectro.

"Nossa juventude está impaciente com as preliminares que são essenciais para a tomada de ações com propósito. Qualquer forma de organização efetiva é desmontada pelo desejo de mudança imediata e impactante, ou como eu disse em outro lugar, pela demanda de uma revelação ao invés de um revolução. É o tipo de coisa que vemos ao escrever uma peça de teatro: o primeiro ato introduz os personagens e a trama, no segundo ato a trama e os personagens se desenvolvem à medida que o roteiro busca segurar a atenção da platéia. No ato final, "heróis" e "vilões" tem a sua confrontação dramática e um desfecho. A geração de agora quer ir direto para o terceiro ato, pulando os dois anteriores, e neste caso não existe peça, apenas confrontação pelo gosto da confrontação em si - um espasmo seguido de um retorno à escuridão. A construção de uma organização poderosa leva tempo e é tediosa, mas é deste jeito que o jogo é jogado - isto é, se você deseja jogar, e não apenas gritar: "abaixo a monalquia".
(Saul Alisnki - Rules for Radicals | tradução livre minha para o português, com licença poética para usar a voz do Cebolinha nesta última frase)

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TL;DR: O texto abaixo explica algumas das razões pelas quais me tornei um viciado em instalar sistemas livres em dispositivos embarcados onde há sistemas proprietários.

Certa vez em Ciudad del Este, fui à uma galeria conhecida por suas lojas de eletrônicos e computação, em busca de quinquilharias diversas. Não estava procurando roteadores para redes sem fio, pois já contava com um que supria as minhas necessidades naquela época. Mesmo assim, por curiosidade, acabei pegando em uma prateleira a caixa de um modelo recém lançado, o TL-WR1043 (o que denuncia há quanto tempo esta história ocorreu) e decidi comprá-lo quando comparei o preço com as funcionalidades do dispositivo (ethernet gigabit e uma porta USB). Fui na onda da reputação da loja e acabei não testando esse e outros aparelhos que comprei naquela ocasião. E este roteador foi a exceção à regra, pois foi o único que apresentou defeito.

Para resumir, foi terrivelmente frustrante, pois as portas ethernet não funcionavam, apenas wifi e usb, e o máximo que eu consegui fazer foi compartilhar a impressora/scanner através do wifi em uma rede separada e sem acesso à internet. Ou seja, pouquíssimo prático, pois para utilizar qualquer dispositivo USB pela rede seria necessário conectar-me a este wifi específico e isolado, sendo que o atrativo de ter rede cabeada gigabit estava simplesmente fora da jogada.

Nesses tempos, devoluções de produtos com defeito eram ainda mais complicadas que atualmente, e na vez seguinte que fui à Ciudad del Este alguns meses depois, foi sintomático observar um cartaz afixado em mais de uma loja, que dizia: não trocamos roteadores TP Link com problemas na placa de rede se não foram testados no momento da compra (seguido de diversas exclamações). Portanto, tratava-se de algo mais do que o simples azar de comprar um produto com defeito, já que parecia ter sido alguma problema em nível de produção, como se fosse um lote com defeito ou algo parecido. Moral da história: eu já tinha não muita esperança de trocar, agora menos ainda, e o tal roteador acabou indo parar no fundo de uma gaveta, sendo que sua maior utilidade foi tornar-se uma anedota e um lembrete sobre a importãncia de testar eletrônicos antes de comprá-los e/ou de ter alguma garantia além da ~amizade do vendedor.

Uns anos depois, em 2014, deparei-me quase por acaso com a idéia de utilizar sistemas embarcados baseados em tecnlologias FLOSS e, dentre as possibilidades que pesquisei, o OpenWRT era a melhor hipotese. Além de ser compatível com o meu semi-peso-de-papel, era também o sistema mais libre entre os compatíveis. E qual não foi a minha supresa ao descobrir que o problema na placa de rede nada mais era do que um driver incorreto? Aparentemente, houve uma confusão nas especificações do dispositivo na linha de montagem, e acabaram selecionando o driver da placa de rede de um dispositivo similar (TL-WR941) para construir o sistema a ser embarcado. Resultado? Um número desconhecido, ainda que expressivo, de dispositivos defeituosos de fábrica foi enviado mundo afora, varios deles foram pra Ciudad del Este, e um deles estava perdido em algum canto da minha casa. A conclusão foi óbvia: se o pior que pode acontecer é parar de funcionar de vez, por que não tentar trocar de um sistema proprietário para um sistema livre?

Depois de executar o procedimento descrito na página do OpenWRT, as luzes do roteador se acenderam e piscaram como seria de se esperar com o sistema funcionando, ao mesmo tempo em que começou a aparecer a resposta do *ping* de ethernet a partir do meu notebook. Com essa comprovação empírica do milagre da ressurreição de um dispositivo que veio bricado de fábrica, iniciou-se a saga de um viciado em instalar sistemas embarcados livres onde antes havia sistemas proprietários. Alguns dos capítulos dessa saga podem ser vistos nos links desta página.

Palestras

Ressurecting ancient routers for fun and necessity

GambiConf EU (Lisbon*, setembro 2022): Slides | Youtube

Customização de firmwares para roteadores com OpenWRT Latinoware XIX (Foz do Iguaçu, novembro 2022): Slides | Youtube

OpenWRT: GNU/Linux Para Dispositivos Embarcados

Latinoware XVIII (Foz do Iguaçu*, outubro 2021): Slides | Youtube

Máquinas virtuais com KVM + QEMU + LibVirt
Debian Conference (Agosto 2021):
Video em Português | Slides
Video in English | Slides

OpenWRT: GNU/Linux Para Dispositivos Embarcados
Latinoware XVII (Foz do Iguaçu*, dez/2020): Slides | Youtube

"Google-free" smartphone com LineageOS

Latinoware XVII (Foz do Iguaçu*, dez/2020): Slides | Youtube
CryptoRave 2019 (São Paulo, maio/2019):Slides

Como utilizar o GRUB para iniciar Live ISOs

#FiqueEmCasaUseDebian (Curitiba, 2020): Slides | Youtube
FLISOL 2019 (Festival Latinoamericano de Sofware Livre - Curitiba): Slides

Ad-Blocking: Por que fazer? (Slides)
Latinoware XV (Foz do Iguaçu, 2018)
FTSL X (Forum de Tecnologia em Software Livre - Curitiba, 2018)

Introdução à construção de firmwares para dispositivos móveis e embarcados Video | Slides
FISL 18: Forum Internacional de Software Livre, Porto Alegre, Julho 2018

Autoridades Certificadoras Locais (Slides)
FISL 18: Forum Internacional de Software Livre, Porto Alegre, Julho 2018
FTSL IX: Forum de Tecnologia em Software Livre, Curitiba, Outubro 2017

Arch Linux Encriptado: uma abordagem prática (Slides)
CryptoRave (São Paulo, Maio 2017)
Campus Party 10 (São Paulo, Janeiro 2018)